Luan Santos
Oncovue promete
diagnosticar os riscos de desenvolver a doença
Segundo tipo mais
frequente no mundo, o câncer de mama poderá ser diagnosticado antes mesmo de
ser desenvolvido nas mulheres. Pelo menos é o que pretende o exame Oncovue, que
promete diagnosticar os possíveis riscos de a mulher vir a ter a patologia. O
exame chegou ao Brasil no primeiro semestre deste ano. Na Bahia, há seis
profissionais credenciados para a realização do procedimento, três deles em
Salvador.
Na capital, os
mastologistas Anna Paola Gatto, Karla Kalil e Ezio Novais, baiano e presidente
da Sociedade Mundial de Mastologia (SIS), são os credenciados. Segundo Karla, o
Oncovue é confiável e pode ajudar na prevenção da doença. "Eu indico o
exame para pacientes com histórico de câncer de mama em parentes de primeiro
grau e que têm alguma doença genética", relata.
Caso o resultado
aponte alto risco de a paciente desenvolver a patologia, Karla indica que a
paciente retire as glândulas mamárias ou que faça consultas com maior
frequência. A mastologista Anna Paola Noya Gatto chama a atenção, no entanto,
para um ponto importante. "Vale ressaltar que o exame não dá o
diagnóstico, mas sim o grau de risco de a mulher vir a ter a doença",
esclarece.
Análise - O exame,
desenvolvido em 2008 nos EUA pelo cientista Eldon Jupe, chegou ao Brasil no
primeiro semestre deste ano e é realizado a partir de amostras biológicas (DNA)
da boca da paciente. A partir da análise deste material, será diagnosticado
risco normal, moderado ou alto. De acordo com o consultor técnico da Oncovue,
Paulo de Tarso Cruz, o primeiro passo para a realização do exame é a coleta de
amostra biológica, feita por meio de um tubo contendo de 10 a 15 ml de
enxaguatório bucal.
"O exame não é
encontrado em farmácias ou hospitais. Apenas um médico credenciado pode
realizar o Oncovue", afirma o mastologista. Após recolhidas, as amostras
são enviadas aos EUA para a análise, feita pelo laboratório Intergenetics, que
desenvolveu o procedimento. O resultado é enviado, via e-mail, após cerca de 21
dias para o médico, que informará a paciente.
De acordo Eldon
Jupe, o Oncovue é resultado de 10 anos de estudos e já aprovado e válido para
todas as mulheres. "Com o Oncovue, poderemos modificar a incidência do
câncer de mama, a partir do momento em que poderemos ter conhecimento de
problemas futuros".
Preço - Apesar de
inovador, o exame ainda não é acessível a todas as camadas da população. De
acordo com Cruz, o teste custa em torno de US$ 4 mil (cerca de R$ 8 mil). Os
pesquisadores que desenvolveram o Oncovue estimam precisão maior que 99,999%,
mas alguns especialistas consideram que ainda é cedo para fazer tal afirmação,
já que é necessário concluir estudos referentes à sua eficácia com pacientes
brasileiros.
"É um exame
que ainda não tem utilidade. As populações brasileira e norte-americana são
diferentes. Por isso estamos realizando novos estudos, que devem ser concluídos
no próximo ano", considera o presidente da Sociedade Brasileira da
Mastologia, Carlos Alberto Ruiz. Para Ezio Novais Dias, o exame é promissor do
ponto de vista da prevenção do câncer de mama, mas considera cedo para falar em
99% de previsão. "A comunidade científica ainda aguarda outros resultados
que comprovem a eficácia do Oncovue", ressalta.
Prevenção - Embora a chance de
cura do câncer de mama chegue a 95% caso a detecção seja precoce, uma parcela
das mulheres brasileiras ainda vê a doença como incurável. Levantamento
divulgado no último mês pelo Data Popular mostrou que, para 20% das mulheres, o
diagnóstico da patologia é praticamente uma sentença de morte.
Além disso, estudo
feito em centros de oncologia do Brasil, entre 2006 e 2009, mostrou que apenas
20% das mulheres com câncer de mama no País são diagnosticadas no estágio
inicial da doença. Nos EUA, o índice é de 61%. Especialistas afirmam que estes
dados evidenciam a falta de informação sobre o câncer de mama, o que representa
um obstáculo para a prevenção da patologia. Para eles, a principal forma de
prevenir a doença é o diagnóstico precoce.
Ruiz diz que as
mulheres têm medo do diagnóstico. "A informação pode desmistificar este
medo. É preciso conscientizar de que existe vida além do câncer",
salienta. O presidente da SIS, Ezio Novais, explica que não existe outro
mecanismo para evitar a doença além da mamografia anual em mulheres acima dos
40 anos e informa que a patologia é mais comum entre os 40 e 65 anos.
O profissional
lembra ainda que o autoexame não fornece o diagnóstico do câncer no estágio
inicial. "Ele diagnostica apenas quando o nódulo está com 1 cm ou 1,5 cm,
já em estágio avançado. Por isso, a melhor maneira de prevenção é a mamografia
anual", orienta.
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