segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Exame pretende identificar riscos de câncer de mama



Luan Santos

Oncovue promete diagnosticar os riscos de desenvolver a doença

Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama poderá ser diagnosticado antes mesmo de ser desenvolvido nas mulheres. Pelo menos é o que pretende o exame Oncovue, que promete diagnosticar os possíveis riscos de a mulher vir a ter a patologia. O exame chegou ao Brasil no primeiro semestre deste ano. Na Bahia, há seis profissionais credenciados para a realização do procedimento, três deles em Salvador.

Na capital, os mastologistas Anna Paola Gatto, Karla Kalil e Ezio Novais, baiano e presidente da Sociedade Mundial de Mastologia (SIS), são os credenciados. Segundo Karla, o Oncovue é confiável e pode ajudar na prevenção da doença. "Eu indico o exame para pacientes com histórico de câncer de mama em parentes de primeiro grau e que têm alguma doença genética", relata.

Caso o resultado aponte alto risco de a paciente desenvolver a patologia, Karla indica que a paciente retire as glândulas mamárias ou que faça consultas com maior frequência. A mastologista Anna Paola Noya Gatto chama a atenção, no entanto, para um ponto importante. "Vale ressaltar que o exame não dá o diagnóstico, mas sim o grau de risco de a mulher vir a ter a doença", esclarece.

Análise - O exame, desenvolvido em 2008 nos EUA pelo cientista Eldon Jupe, chegou ao Brasil no primeiro semestre deste ano e é realizado a partir de amostras biológicas (DNA) da boca da paciente. A partir da análise deste material, será diagnosticado risco normal, moderado ou alto. De acordo com o consultor técnico da Oncovue, Paulo de Tarso Cruz, o primeiro passo para a realização do exame é a coleta de amostra biológica, feita por meio de um tubo contendo de 10 a 15 ml de enxaguatório bucal.

"O exame não é encontrado em farmácias ou hospitais. Apenas um médico credenciado pode realizar o Oncovue", afirma o mastologista. Após recolhidas, as amostras são enviadas aos EUA para a análise, feita pelo laboratório Intergenetics, que desenvolveu o procedimento. O resultado é enviado, via e-mail, após cerca de 21 dias para o médico, que informará a paciente.

De acordo Eldon Jupe, o Oncovue é resultado de 10 anos de estudos e já aprovado e válido para todas as mulheres. "Com o Oncovue, poderemos modificar a incidência do câncer de mama, a partir do momento em que poderemos ter conhecimento de problemas futuros".

Preço - Apesar de inovador, o exame ainda não é acessível a todas as camadas da população. De acordo com Cruz, o teste custa em torno de US$ 4 mil (cerca de R$ 8 mil). Os pesquisadores que desenvolveram o Oncovue estimam precisão maior que 99,999%, mas alguns especialistas consideram que ainda é cedo para fazer tal afirmação, já que é necessário concluir estudos referentes à sua eficácia com pacientes brasileiros.

"É um exame que ainda não tem utilidade. As populações brasileira e norte-americana são diferentes. Por isso estamos realizando novos estudos, que devem ser concluídos no próximo ano", considera o presidente da Sociedade Brasileira da Mastologia, Carlos Alberto Ruiz. Para Ezio Novais Dias, o exame é promissor do ponto de vista da prevenção do câncer de mama, mas considera cedo para falar em 99% de previsão. "A comunidade científica ainda aguarda outros resultados que comprovem a eficácia do Oncovue", ressalta.

Prevenção - Embora a chance de cura do câncer de mama chegue a 95% caso a detecção seja precoce, uma parcela das mulheres brasileiras ainda vê a doença como incurável. Levantamento divulgado no último mês pelo Data Popular mostrou que, para 20% das mulheres, o diagnóstico da patologia é praticamente uma sentença de morte.

Além disso, estudo feito em centros de oncologia do Brasil, entre 2006 e 2009, mostrou que apenas 20% das mulheres com câncer de mama no País são diagnosticadas no estágio inicial da doença. Nos EUA, o índice é de 61%. Especialistas afirmam que estes dados evidenciam a falta de informação sobre o câncer de mama, o que representa um obstáculo para a prevenção da patologia. Para eles, a principal forma de prevenir a doença é o diagnóstico precoce.

Ruiz diz que as mulheres têm medo do diagnóstico. "A informação pode desmistificar este medo. É preciso conscientizar de que existe vida além do câncer", salienta. O presidente da SIS, Ezio Novais, explica que não existe outro mecanismo para evitar a doença além da mamografia anual em mulheres acima dos 40 anos e informa que a patologia é mais comum entre os 40 e 65 anos.

O profissional lembra ainda que o autoexame não fornece o diagnóstico do câncer no estágio inicial. "Ele diagnostica apenas quando o nódulo está com 1 cm ou 1,5 cm, já em estágio avançado. Por isso, a melhor maneira de prevenção é a mamografia anual", orienta.

 Fonte: A Tarde

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